Sobre Nós

Sobre Nós

Apas

“Nosso objetivo é ampliar a visibilidade das diversas atividades na língua brasileira de sinais realizadas pela Comunidade Surda de Passo Fundo com o aporte da APAS.”

Nossa História

A história dos surdos em Passo Fundo se confunde com a história de muitas outras localidades. Em 24 de maio de 1969, pelo parecer 138/71, do Conselho Estadual de Educação, foi criada uma classe especial para atender a alunos surdos no Colégio Estadual Joaquim Fagundes dos Reis. Naquela época, as crianças surdas freqüentavam a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), onde passavam por uma avaliação médica e psicológica. Caso a única deficiência constatada fosse a surdez, na idade de pré-escola, as crianças eram encaminhadas para a Escola Estadual Joaquim Fagundes dos Reis, onde freqüentavam classes inclusivas, com língua oral. Conforme Dorziat (2006), no oralismo “a aprendizagem da fala é ponto central”.

Na fase da alfabetização, as crianças freqüentavam uma classe especial só de surdos, também com oralismo. Após a alfabetização, as crianças eram incluídas em classes regulares e contavam com o acompanhamento de uma professora que ministrava aulas de reforço, retomando os conteúdos que a professora titular trabalhava, sendo que, também neste reforço era utilizava o oralismo. O que se constatava é que a metodologia empregada não dava conta de suprir as “deficiências ocasionadas pela surdez”, de modo que os surdos não eram promovidos para classes posteriores e acabavam se evadindo da escola. São raros os alunos que estudaram nesta época e tiveram sucesso na aprendizagem, sendo suas vidas permeadas por inúmeros fracassos escolares.

Alguns surdos adultos gostavam de se reunir para “bater papo” e também viajavam para outras cidades do estado para se encontrar com grupos de surdos, que se agregava em associações. Em uma das viagens trouxeram uma cópia do estatuto da Associação de Surdos de Santa Maria. A partir daí, reunirem-se com um grupo de  pai e alguns amigos dos surdos e aos três dias de junho de mil novecentos e noventa (03/06/1990) foi fundada a Associação de Surdos de Passo Fundo, conforme livro de atas da Associação, local onde os surdos se reúnem  para confraternizar, determinar metas para suas lutas, realizar sessões de estudos, formar grupos para praticar esporte, é um espaço de resistência a cultura ouvintista.

Na área educacional, as dificuldades encontradas pelos surdos era motivo de insatisfação também aos seus pais. Pensando que unidos poderiam ampliar suas conquistas em favor dos direitos de seus filhos, que em nove de junho de mil novecentos e noventa e um (09/06/1991) foi fundada a Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (APADA), que em nove de julho de dois mil e cinco (09/07/2005), com a mudança dos estatutos, também mudou de nome, passando a ser denominada Associação de Pais e Amigos dos Surdos (APAS), a mudança de nome aconteceu porque os surdos preferiram que a entidade fosse assim denominada.

Antes do surgimento da APAS, nenhum surdo havia concluído o ensino médio em Passo Fundo, sequer o ensino fundamental. Hoje, na Escola Joaquim Fagundes dos Reis, os surdos, até o quinto ano, estão em classes de surdos, com professores que usam LIBRAS. Somente depois, do domínio da LIBRAS, primeira língua para os surdos, são incluídos em turmas de ouvintes, onde utiliza a Língua Portuguesa na forma escrita, sendo que todos os alunos incluídos têm a assistência de uma intérprete de LIBRAS. O uso das duas línguas, oral e de sinais (bilingüismo), deixou de ser sonho e passou a ser realidade.

De 1991 para cá, são vários os surdos que concluíram a educação básica e cursos de graduação, na Universidade de Passo Fundo, os surdos que freqüentam os cursos tem acompanhamento de interprete de LIBRAS, na totalidade das aulas, bem como apoio pedagógico. Tem Surdos mestres e mestrandos e surdos doutores e doutorandos, que estudaram em Passo Fundo, e participaram das oficinas de apoio pedagógico da APAS.

É importante ressaltar que a APAS, surgiu pela necessidade de uma escola bilíngue para surdos em Passo Fundo, se passaram 30 anos e embora vária promessas tenham sido feitas ainda não foram concretizadas, a Língua Brasileira de Sinais também não faz parte do currículo das escolas municipais, estaduais e particulares, o que dificulta a acessibilidade. Sendo o Português e a LIBRAS as duas línguas oficiais do Brasil não se entende porque o ensino da LIBRAS não é obrigatória na educação básica.

Houveram avanços, mas para um grupo pequeno, ainda existem na cidade surdos que não tiveram acesso a Língua Brasileira de Sinais, e conforme pesquisadores e por meio da LIBRAS que o surdo constrói seu pensamento. Temos ainda uma longa caminhada, para que a inclusão de fato aconteça mas, a cada dia maior número de pessoas tomam conhecimento do universo em que os surdos vivem e conhecem as particularidades de sua comunidade, e assim com um passo de cada vez vamos tentando promover a acessibilidade das pessoas surdas e deficiente auditivas.

Quem Somos

A Associação de Pais e Amigos dos Surdos (APAS), pessoa jurídica de direito privado, filantrópica, não governamental, sem vínculo político-partidário, sem fins econômicos e isenta de qualquer preconceito ou discriminações, fundada em 09 de junho de 1991, por um grupo de pais de surdos que se sentiam angustiados pela falta de acesso e permanência na escola de seus filhos surdos, pois até 1991, momento da criação da APAS, nenhum surdo havia concluído o Ensino Fundamental em Passo Fundo.

A APAS que tem por missão “dar voz aos surdos por meio da inclusão na família, no trabalho, na sociedade e ao conhecimento”.

Diante disso a finalidade desta Instituição é o respeito às diferenças e o cumprimento das Leis que foram instituídas para promover a igualdade de condições a todos os cidadãos que vivem no Brasil, para tanto participa de grupos sociais que promovem o fortalecimento da entidade e promove defesa e garantia dos direitos das pessoas com deficiência.

A APAS busca a inserção social e no trabalho dos surdos e deficientes auditivos, objetivando o combate a todas as formas de preconceito minimizando os riscos sociais e pessoais potencializando a autonomia e a expansão social, assim como a divulgação da cultura surda.

        A conquista da autonomia pela comunidade surda na área educacional, no mundo de trabalho, na família e na sociedade são os pilares desta Instituição. O trabalho é um direito social, garantido a todo o cidadão brasileiro, funcionando, inclusive, como um mecanismo promotor de autonomia. Para esclarecer e também sensibilizar a sociedade sobre a inclusão social do sujeito surdo, a APAS promove ações para divulgar que os surdos são, por excelência, componentes de uma minoria linguística, sendo que sua língua natural, a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS que lhe dá condições de um desenvolvimento cognitivo, afetivo e cultural pleno e, portanto, necessitam desta forma de comunicação para conquistar a sua autonomia.

        Na Política Nacional de Assistência Social a instituição se caracteriza como uma Entidade de Defesa e Garantia de Direitos que tem como principal objetivo fortalecer o protagonismo dos usuários na defesa de direitos a cidadania e promover o acesso a esses direitos, além de prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, fortalecendo os vínculos familiares e comunitários.

         Diante disso, os serviços ofertados aos usuários buscam a orientação e o apoio social, familiar e escolar com atenção especializada e individualizada. Os serviços ofertados para pessoas com deficiência auditiva ou surdez, são gratuitos, permanentes, ofertados cinco dias por semana e abrangem o município de Passo Fundo e região.

          Sendo a APAS, uma entidade de defesa e garantia de direitos, baseia-se na lei nº 13.146/2015, destinada a Inclusão da pessoa com deficiência, dispõe expressamente no art. 2º, que “Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”, e adiante, em seu art. 3º inc. IV, letra “d” conceitua barreiras nas comunicações e na informação como qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação;

         No Art. 8° do mesmo documento está disposto expressamente:

 

Art. 8o  É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico.

 

A entidade norteia suas ações buscando o cumprimento destas leis, que em algumas situações não são cumpridas e dificultam a acessibilidade e em consequência a inclusão.